sexta-feira, 4 de abril de 2014

carta a um jovem suicida ( texto poético)

  E se bem julgue necessário  novamente  direi-lhe. Contar-lhe ei das noites perdidas em que estive imersa em memórias, do rio  que poderia nutrir-se de minhas lágrimas  que de um beiral de infames dores transbordam.
  E que se julgues honrosos meus conselhos, permita-lhe dizer: espero que saibas que o calor de quem ascende rápido é o mesmo que faz chover muito também, que sonharás com os ideais doces e brilhosos e que ainda assim sentirás o amargo da realidade e finalmente que vida é processo que somos transição e que ela pertence a ti e somente a ti, e que mesmo que possas decidir quando pular não serás capaz de enxergar o fundo .
  Digo-te minha criança que a morte cura, mas apenas as feridas da carne, a consciência não se perde. não descansa.
  Mirelle .

sexta-feira, 7 de março de 2014

Renato Russo. O filho da revolução (Carlos Marcelo)




" De dia corro com meus medos, à noite passeio com meus sonhos."
Nicolas Behr.

Renato Manfredini Júnior, o Renato Russo, um menino que chega à cidade de Brasília junto com a expectativa e todo o brilho da cidade que será a "face" do desenvolvimento nacional. Para o menino quadras e quadras de poeira seca em uma cidade fantasma. 
A sensibilidade é inerente ao jovem Manfredini, amante da língua inglesa e consumidor voraz de grandes clássicos da literatura mundial o menino que afoga-se  em Dylan, Zeppelin, Beatles, é o mesmo que acompanha o pai às óperas.
A partir  do nascimento da cidade as cores da infância de Renato vão sendo apresentadas de forma peculiar sem todo aquele melodrama exacerbado ou críticas ácidas. São as músicas, os amigos, a rotina,  as peladas nas quadras dos prédios.
Não pretendo prolongar tanto essa resenha talvez porque cada leitor se emocionará, a sua forma, com este livro. 
Quanto a citação de Behr os medos estão no ar de Brasília, a cidade programada, sem carne e sangue ( para alguns sociólogos), revestida em concreto e ossos ( para o folclore), não é o retrato do mal,  os maiores medos estão em Renato, o assombrando, forçando cada dia mais sua introspecção e devaneio. Produz letras mas, mais do que isso é a ancora que para ou arrasta para o fundo. 
    " [...] De madrugada, tem ataques de choro e pânico em conversas pelo telefone ... ( pag.383) 
    " [...] _ They knew I'd never go back ... and now I'm a dream. And I don't feel like a dream. (Eles sabiam que eu nunca voltaria ... e agora eu sou um sonho. E não me sinto como um sonho.)-pag 396-.
              Mirelle



Fotos retiradas do livro páginas: 06;186;144;126; 267;266; 305;312

       














quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Andar e andar ...


" Leitura também é aconchego."
É refúgio para alma,
Escada de emergência,
192.

É mergulhar, e respirar 
É ouvir, sem precisar escutar
Leva a chorar, 
E a sorrir.

Ler para estar no colo  de mãe
De amante
Do vento ao farfalhar as folhas amarelas do outono

A leitura é um caminho em curvas abertas 
Que com a maciez do mar  nos leva à praia

É encontrar as correntezas, os caminhos
E  andar e andar ...
                                                                                     Mirelle